A diplomacia brasileira, uma das mais respeitadas do mundo por sua histórica pauta de neutralidade, multilateralismo e busca pelo diálogo, vive um momento de guinada preocupante sob a liderança do Presidente Luiz Inácio Lula da Silva. As recentes declarações e a postura do governo em relação ao conflito entre Israel e o Irã, e, mais amplamente, à guerra em Gaza, levantaram um sinal de alerta para a população brasileira sobre o rumo de nossa política externa.
O Legado Histórico da Diplomacia Brasileira
— Uma Tradição Ameaçada:
Desde a sua formação, a política externa brasileira construiu um legado de moderação e previsibilidade. Fomos um dos países que mais se empenharam na criação da Organização das Nações Unidas (ONU) e sempre defendemos a solução pacífica de controvérsias. No que tange às relações com Israel, a história nos mostra um papel de destaque:
Apoio na Criação de Israel: Em 1947, o Brasil, por meio de Oswaldo Aranha, Presidente da Assembleia Geral da ONU, teve um papel crucial na votação da Resolução 181 (II) que resultou na partilha da Palestina e na criação do Estado de Israel. Esse ato fundacional demonstra a profundidade histórica de nosso relacionamento, reconhecido e valorizado por Israel até hoje.
Reconhecimento Precoce e Relações Estáveis: O Brasil foi um dos primeiros países a reconhecer o Estado de Israel em 1949 e a estabelecer relações diplomáticas plenas em 1951. Ao longo das décadas, embora com divergências pontuais inerentes à política internacional, sempre prevaleceu uma relação de respeito e cooperação, baseada no comércio, na tecnologia e nos laços culturais.
Defesa da Solução de Dois Estados com Equilíbrio: A posição brasileira sobre o conflito israelo-palestino sempre defendeu a solução de dois Estados, com um Estado palestino viável ao lado de Israel, pautada nas resoluções da ONU. No entanto, essa defesa sempre foi feita com um tom diplomático que buscava o consenso e a negociação, sem rupturas ou ataques diretos.
A Ruptura Atual: Excesso e Abandono da Neutralidade.
O que temos presenciado agora, contudo, é um distanciamento perigoso dessa tradição. O Presidente Lula, em suas fortes críticas a Israel, extrapolou e se excedeu nas declarações, chegando a utilizar termos como "genocídio" e a fazer comparações com o Holocausto. Essas declarações são inaceitáveis e provocaram uma crise diplomática sem precedentes com um aliado que remonta aos alicerces da própria nação israelense e da nossa própria participação ativa na ordem mundial pós-guerra.
Israel, que o Brasil ajudou a criar e com quem mantemos relações diplomáticas há décadas, se tornou alvo de uma retórica que não apenas abandona a neutralidade que nos caracterizou, mas também gera a perigosa impressão de que o Brasil estaria protegendo supostos terroristas. Essa percepção é profundamente danosa para a imagem do país, para a credibilidade de nossa diplomacia e, em última instância, para a segurança de nossos cidadãos e interesses no exterior.
A tradicional política de buscar o cessar-fogo e a solução de dois Estados para o conflito israelo-palestino é uma posição legítima e coerente com nossa história. Contudo, o tom e a escolha das palavras do presidente Lula transformaram uma divergência política em uma ofensa direta e irreparável. O resultado? O governo de Israel declarou Lula "persona non grata", um fato gravíssimo, e houve a suspensão das atividades de seu consulado em São Paulo, um claro sinal da deterioração das relações.
As consequências dessa guirada são amplas. Além do impacto na imagem do Brasil, há riscos para o comércio, a cooperação tecnológica e até mesmo para a segurança nacional, uma vez que Israel é um parceiro importante em áreas estratégicas. Abandonar a neutralidade e tomar partido de forma tão veemente, especialmente em um conflito tão complexo e sensível, é uma aposta arriscada que pode trazer sérias repercussões para o futuro do Brasil no cenário global, minando anos de construção de uma reputação sólida e confiável.
Alerta à Nação:
É fundamental que a população brasileira esteja atenta a essa mudança. A diplomacia não pode ser pautada por arroubos retóricos que colocam em xeque a credibilidade e os interesses do país. A manutenção de uma política externa equilibrada e respeitosa com todos os atores é essencial para garantir a segurança e o progresso do Brasil, honrando a rica história de nossa diplomacia.
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