sábado, 4 de outubro de 2025

NEM ESQUERDA, NEM DIREITA: O GOVERNO É DO POVO.

É Hora de Parar de Olhar e Começar a Cobrar.
O debate político raramente se resume à polarização entre 'esquerda' ou 'direita'. A verdadeira e urgente questão é muito mais profunda: o governo é do povo. No entanto, é lamentável observar como a população, detentora do poder soberano, opta por negligenciar sua obrigação fundamental: fiscalizar e cobrar dos gestores públicos. O poder real não reside nos partidos ou ideologias; ele reside na nossa capacidade de exigir que os eleitos ajam com zelo, dedicação e transparência, respeitando a legislação e, acima de tudo, as necessidades reais da sociedade. É hora de parar de bajular políticos e começar a exercer a cidadania em sua plenitude.
A Bajulação Política é um Vício Caro
Por que tanta gente se apega a figuras políticas ao ponto de ignorar seus erros ou falhas de gestão? A bajulação política – seja ela um apoio fanático nas redes sociais ou uma passividade silenciosa – é um vício democrático com um custo altíssimo. Muitos buscam nos líderes a representação de suas próprias esperanças, transformando o político em um ídolo, um salvador. Quando isso acontece, a crítica responsável é substituída pela defesa cega. Deixamos de ver o gestor como um empregado que deve prestar contas, e passamos a vê-lo como um messias que não pode ser questionado. O problema não está em ter uma ideologia, mas sim quando esse apoio se torna um cheque em branco. Um cidadão consciente sabe diferenciar o apoio programático da fiscalização inegociável. Nossa lealdade deve ser ao bem-estar do país, não à sigla ou à pessoa.
O Custo da Omissão Cívica
Quando o povo se omite de sua função de fiscalizador, cria-se um vazio de poder que é rapidamente preenchido por outros interesses. Quem lucra com a nossa negligência? A burocracia ineficiente, que permite que processos se arrastem e obras parem. A corrupção, que prospera no silêncio e na apatia, onde a falta de olhos atentos para examinar contratos e informações desvia recursos que deveriam ser públicos. E os interesses particulares, que, sem a voz forte da sociedade civil, acabam sendo priorizados em detrimento das demandas coletivas. A falta de zelo e dedicação que tanto criticamos nos gestores é, muitas vezes, um reflexo direto da falta de zelo e dedicação cívica da própria população.
Cidadania em Ação: Fiscalizar é Praticar
Fiscalizar e cobrar não exige um diploma em ciência política, mas sim comprometimento e prática. O ato de exercer a cidadania em sua plenitude vai muito além do voto a cada quatro anos. Fiscalizar é acompanhar o Orçamento, saber de onde vem e para onde vai o dinheiro. É usar a Lei de Acesso à Informação (LAI) – se há dúvidas sobre um contrato, obra ou nomeação, o cidadão tem o direito legal de questionar e obter respostas. É participar de audiências públicas e de conselhos municipais. É, acima de tudo, cobrar as promessas, mantendo uma lista das metas de campanha e exigindo um cronograma de execução.
É preciso inverter a lógica: o político não é um benfeitor a quem se deve gratidão, mas sim um prestador de serviço com um contrato regido pela lei e pela ética. O nosso compromisso não é com a bandeira ideológica, mas com o resultado que impacta a nossa qualidade de vida. Chega de usar a polarização como desculpa para a inação. É hora de reconhecer que a nossa maior responsabilidade é com a qualidade da nossa democracia. Um governo só será verdadeiramente do povo quando o povo deixar de lado a bajulação e o fanatismo para vestir, de fato, a camisa da fiscalização.
A mudança começa quando cada cidadão assume o zelo pelo seu entorno e exige o mesmo zelo, dedicação e transparência de quem foi eleito para servir.

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