Uma intensa tristeza me aflige em decorrência do que passo a expor: Naturalmente deveríamos ser capazes de nos sensibilizarmos diante da dor alheia, do sofrimento e das agruras que acometem nossos irmãos no dia a dia. Constatar a indiferença, a intolerância e o desrespeito entre as pessoas, o que se manifesta de forma tão acintosa, é angustiante. O cotidiano revela que é preciso elevada sensibilidade para perceber o momento delicado que atravessamos. Hoje, ouvi alguém dizer, em uma rua qualquer aqui em Salvador, que “anda triste porque se deu conta de que as pessoas estão cada dia mais frias”. Após uma breve pausa, acrescentou: “Precisamos fazer alguma coisa!”
Oh, Deus! É um alento para a alma perceber mais alguém que ousa manifestar esse tipo de preocupação. Mais inspirador ainda é constatar que essa pessoa arremata seu pensamento com a convicção de que “precisamos fazer alguma coisa”. Que belas palavras! Uma reflexão inspiradora, que nos aponta a degradação, mas também delineia um caminho. Esse vislumbre de esperança é um verdadeiro conforto para a alma. Por isso, debruço-me dedicado a aprofundar o alcance daquela mensagem e, ouso humildemente conclamá-los, irmãos e irmãs, ao exercício da paciência, convidando-os à calma e à compreensão.
Manifesto a minha profunda gratidão, pois dentre os males que degradam a sociedade estão a pressa, a impaciência, a insensibilidade e o desinteresse pelas causas coletivas, acrescidos da falta de interesse em ler e em informar-se. Ao teu interesse neste meu humilde desabafo, a minha sincera gratidão. Parabéns, tu és dos poucos ainda interessados no desenvolvimento coletivo.
Dito isso, retomemos o assunto principal deste aforismo. Permita-me aprofundar essa reflexão tão importante.
É crucial destacar a urgência de praticarmos o exercício da paciência, pois ela se apresenta como um farol nestes tempos de tormenta.
Em um mundo que clama por velocidade e resultados imediatos, exercitar a paciência torna-se um ato revolucionário, um refúgio em meio à ansiedade que nos assola e aflige. As dores estampadas nos rostos, a depressão silenciosa que corrói a alegria, o desestímulo que paralisa os sonhos e o desencanto que tolda a esperança são sinais de um tempo que exige de nós uma escuta mais atenta e um coração mais compassivo.
Vivemos em um cenário de fragilidade emocional e a paciência emerge não como uma virtude passiva, mas como uma força ativa de acolhimento. Ter paciência com o outro é reconhecer a complexidade de suas lutas internas, bem como nas relações interpessoais, manifestando o entendimento de que cada pessoa carrega um universo de experiências, feridas e expectativas. É nesse ponto que a empatia se torna um elo fundamental. Daí a importância de sermos pacientes, de ouvirmos com interesse verdadeiro, de nos colocarmos no lugar do outro, tentando sentir o peso de seus fardos, mesmo que por um instante. No mínimo, essa atitude nos desarma da crítica fácil e nos conduz a uma compreensão genuína.
Por favor, considerem com o coração aberto e a mente comprometida que onde reside a semente da paciência, abrolha a empatia e frutifica a capacidade de respeitar o tempo do outro, suas limitações e suas individualidades, materializando aquilo que os mais sensíveis ao desenvolvimento coletivo chamariam, em um novo amanhecer, de um gesto de profunda humanidade. A impaciência, por outro lado, muitas vezes nasce da nossa própria ansiedade e da projeção de nossas expectativas sobre o outro, desconsiderando seu ritmo e suas necessidades. Quando praticamos a paciência, estamos, na essência, dizendo: “Eu vejo você, eu respeito o seu processo, eu estou aqui. Conte comigo!”
Essa postura paciente e respeitosa tem um poder transformador. Ela não apenas alivia o sofrimento imediato, mas também estimula a resiliência e a esperança. Sentir-se compreendido e acolhido nutre a alma, reacende a chama da motivação e fortalece os laços que nos unem. Em um ambiente de paciência, as pessoas se sentem mais seguras para expressar suas vulnerabilidades, buscar apoio e encontrar forças para seguir adiante.
Portanto, cultivar a paciência é um ato concreto de amor ao próximo, uma forma tangível de construir pontes em vez de muros, de semear a cura em vez da discórdia.
Que a consciência de nossa interdependência nos guie: Na teia da vida, a força de um reside na paciência e no amparo do outro.
Idenilton Santos
Escritor
Palestrante
Advogado