Matéria originalmente publicada na "Revista INTEGRAÇÂO" (Nov.2024)
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REVISÃO
A eleição de Donald Trump como presidente dos Estados Unidos em 2016 teve impacto significativo na política global e na dinâmica entre esquerda e direita em todo o mundo.Sua reeleição em 2024 certamente intensificará as tendências observadas durante seu primeiro mandato, com potenciais efeitos duradouros no cenário internacional. Daí a necessidade da elaboração desse estudo panorâmico do efeito TRUMP e a geopolítica.
PANORAMA INTERNACIONAL
Trump é conhecido por sua abordagem não convencional e, para alguns, controversa no campo das políticas externas. Seus críticos o acusam de adotar uma postura “isolacionista”, o que implica reduzir o envolvimento em assuntos internacionais para priorizar os interesses internos, limitando alianças e intervenções.
Esse comportamento gerou incertezas entre aliados tradicionais dos EUA e abriu espaço para que outras potências, como a China, ganhassem terreno na economia e na política global. No entanto, é fundamental destacar que não foi exclusivamente o governo Trump que elevou a influência da China, mas um alinhamento de interesses entre nações, como as do bloco econômico inicialmente composto por Brasil, Rússia, Índia e China.
O fortalecimento do BRICS, mais tarde ampliado para incluir países como África do Sul, Egito, Irã e Cuba, exemplifica uma reação coordenada de grandes economias emergentes que buscam alternativas aos modelos tradicionais de comércio e política dominados pelo Ocidente. Esse movimento bem-sucedido no tabuleiro geopolítico ajudou a expandir a influência da China, especialmente em regiões como África e América Latina.
A DICOTOMIA “ESQUERDA X DIREITA”
Impactos na Dinâmica das Relações Internacional
A primeira eleição de Trump em 2016 também exacerbou divisões políticas, tanto nos EUA quanto internacionalmente. Sua retórica populista e nacionalista atraiu apoio da base conservadora americana, mas alienou setores de centro e esquerda, intensificando a polarização política e o ativismo radical. Especialistas destacaram que, durante sua tentativa de reeleição em 2020, as campanhas foram marcadas por discursos intensamente polarizados, resultando em acusações de fraude e uma “caça às bruxas” em torno de Trump, em uma tentativa de minar sua influência política.
Com a vitória em 2024, Trump conseguiu mobilizar novamente sua base com um discurso de retorno às suas políticas originais, refletindo a contínua demanda de parte do eleitorado por um governo mais focado em questões internas. Críticos, porém, alertam para possíveis consequências negativas dessa postura para a política internacional, que poderia intensificar divisões ideológicas e criar novos desafios para as democracias.
CONSIDERAÇÕES SOBRE A ELEIÇÃO DE 2024
A vitória de Trump em 2024 trouxe consigo questionamentos sobre o futuro da economia global. Os críticos de sua política afirmam que seu estilo pode aumentar a volatilidade dos mercados, pressionando o mercado de ações e gerando incertezas. Além disso, a continuidade de tarifas e sanções, especialmente contra a China, tende a afetar diretamente o comércio internacional e os preços globais.
INFLUÊNCIAS NA GEOPOLÍTICA DO ORIENTE MÉDIO:
Israel e Hezbollah
No Oriente Médio, o apoio histórico de Trump a Israel e sua postura de confrontação com o Irã podem intensificar as tensões com o Hezbollah. Durante o primeiro mandato, Trump reconheceu Jerusalém como capital de Israel e sancionou o Irã, o que contribuiu para o acirramento do conflito com o Hezbollah, grupo apoiado pelo governo iraniano. A reeleição de Trump pode significar um fortalecimento dessas sanções, o que tende a inflamar o cenário político, provocando reações hostis e novos alinhamentos estratégicos no Oriente Médio, especialmente com a aproximação de nações pró-Irã.
Esse possível recrudescimento do conflito entre Israel e Hezbollah terá consequências regionais e desafiará ainda mais a diplomacia de paz na área, uma vez que uma postura americana sem moderação pode incentivar ambos os lados a adotarem posições mais extremas.
CONFLITO RÚSSIA-UCRÂNIA
Impactos para a Europa e o BRICS
A guerra entre Rússia e Ucrânia se tornou um divisor de águas nas relações da Europa com o restante do mundo. As sanções ocidentais à Rússia aumentaram a dependência europeia de fontes de energia alternativas, ao mesmo tempo que estimularam a Rússia a fortalecer seus laços com a China e com o BRICS.
A suposta postura isolacionista de Trump pode gerar um distanciamento adicional dos EUA dos interesses europeus, deixando a Ucrânia em uma posição ainda mais vulnerável e enfraquecendo a OTAN.
Caso Trump opte por reduzir o apoio militar e econômico à Ucrânia, isso poderá reverberar negativamente entre os membros da OTAN, que veriam um comprometimento de suas estratégias de defesa e segurança. Este posicionamento também favorece a aproximação entre os países do BRICS, que se aproveitariam dessa ruptura para avançar com políticas autônomas e fortalecer suas próprias esferas de influência.
Todavia, há também aqueles que apostam numa postura contraria e que Trump poderá surpreender positivamente nesse contexto.
BRASIL E VENEZUELA
A postura de Trump diante do cenário latino-americano, e especialmente em relação ao governo venezuelano, também merece atenção. Durante seu primeiro mandato, Trump adotou uma política de sanções contra a Venezuela, política que deve continuar. Isso se contrapõe ao posicionamento do governo brasileiro, que busca um diálogo mais próximo com o país vizinho, ao ponto de influenciar o veto ao ingresso da Venezuela no BRICS.
O presidente venezuelano Nicolás Maduro, em resposta, utiliza essa situação para promover um discurso nacionalista e inflamatório. O impacto para o Brasil é duplo: além de lidar com as ameaças retóricas de Maduro, há uma pressão diplomática para equilibrar sua posição entre o BRICS e a América Latina. Maduro, entretanto, mantém sua postura mais teatral para sustentar popularidade interna, embora saibamos que ele negocia discretamente sua posição para obter proteção em meio a sanções.
SÍNTESE DOS IMPACTOS ECONÔMICOS
Aumento da Volatilidade: A reeleição de Trump pode intensificar a volatilidade dos mercados financeiros, afetando negativamente a economia global e elevando o custo do crédito para os EUA.
Mudanças nas Políticas Fiscais: As propostas de redução de impostos podem aumentar o déficit orçamentário americano e pressionar a dívida pública, com efeitos diretos sobre o mercado internacional.
Impacto no Comércio Internacional: As políticas tarifárias e sanções podem impactar fortemente países como a China, forçando o BRICS a ajustar suas estratégias para compensar perdas.
PERSPECTIVAS
Crescimento Econômico: Embora a economia americana possa crescer, a taxa pode ser mais lenta devido às restrições comerciais.
Inflação: O aumento de tarifas e sanções deve pressionar a inflação nos EUA, que será um fator determinante para o mercado global.
Estabilidade Financeira: A estabilidade global poderá ser abalada pelas oscilações da economia americana e pelas possíveis tensões entre o BRICS e o Ocidente.
CONCLUSÃO
O cenário internacional é complexo e envolve múltiplas variáveis. A reeleição de Trump trará desafios para aliados e adversários, especialmente em meio a conflitos como Israel-Hezbollah e Rússia-Ucrânia, e as ameaças do ditador venezuelano, Maduro, contra o Brasil. No que pertine ao EFEITO TRUMP, o seu retorno ao poder representa uma mudança significativa no cenário político e econômico, exigindo uma diplomacia afiada e estratégias de adaptação tanto para aliados quanto para rivais dos EUA. Os próximos anos prometem testar as alianças globais e oferecer novos capítulos à disputa pelo poder e pela influência econômica mundial.
Idenilton J. Nasc. dos Santos
Escritor, Conferencista, Advogado
Especialista em Gestão Pública
Especialista em Direito Civil
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